Salar de Uyuni - Parte 3: últimas paradas e o caminho até La Paz

O segundo dia se encerrou na Laguna Colorada, como disse no post anterior. Dali até a divisa Bolívia-Chile não foi um caminho tão longo. Fomos até a divisa pois a partir dali três do nosso grupo seguiram rumo ao deserto do Atacama. Os restantes, eu e o casal espanhol, voltamos a cidade de Uyuni e seguimos os nossos próprios rumos.

Laguna Verde

23/12/2014 - 8º dia

Morto!
A noite nesse hotel foi menos agradável do que a anterior. O frio foi mais intenso, não havíamos tomado banho e o banheiro também não estava nas melhores condições. Acordamos por volta das 4 horas da manhã, pois tínhamos que ir até a divida Bolívia-Chile e em seguida fazer todo o caminho de volta até Uyuni. Eram os últimos momentos no deserto.

Fizemos todo o procedimento do dia anterior. Acordamos, tomamos café, arrumamos as coisas e partimos. Quando acordamos o outro grupo já não estava mais no hotel, portanto a espanhola acabou usando o banheiro deles. Ou tentou usar. Assim que ela entrou vomitou tudo. Disse depois que o banheiro estava completamente sujo. Faz parte da viagem.

Primeira parada: Geisers

A ideia inicial era de visitar os Geisers antes do sol da manhã, mas infelizmente isso não foi possível. Novamente chegamos um pouco atrasado, mas a vista não é menos impressionante. Reparou que o nosso grupo sempre estava atrasado em relação ao resto, não é? Isso tudo faz parte e dá a graça a viagem. O frio ainda era muito forte, assim como o cheiro de enxofre. Estávamos por volta de 4900 metros de altitude, mas desta vez já não estava sentindo tanto os efeitos. Segue um vídeo legalzinho que fiz na parte que era permitido fazer isso.


Ai não deu pra pular, né...
Segunda parada: Águas termales

Chegamos então nas águas termales. Não sei ao certo a temperatura da água, mas ela estava bem quente e relaxante. Provável que estivesse em uma temperatura bem alta, pois o frio naquele momento era muito forte. Era o momento então de relaxar um pouco e finalmente tomar um banho. Era o penúltimo ato no deserto.

O grande problema, como sempre, foi o banheiro. Precário, sujo, não fornece muita privacidade e ainda é pago. Uma pechincha, é bem verdade. Cada um se virou do jeito que deu e caimos então nas águas quentinhas. O grupo que estava conosco no último hotel também estava ali. Conversei um pouco com eles e bati algumas fotos. Me senti bastante querido pelos bolivianos.

Todo o grupo nas Águas Termales
Eu e uma menininha boliviana
Jogadores de poker


Terceira parada: Fronteira Bolívia-Chile

A terceira e rápida parada foi na fronteira. Como disse anteriormente, metade da galera que estava conosco ia continuar a viagem rumo ao deserto do Atacama, que fica a cerca de 40 km da fronteira. Nos despedimos ali, no meio de muitos carros e várias outras pessoas que fariam o mesmo percurso.

Fronteira
Quarta parada: Laguna Verde

Caso você seja um leitor frequente do meu blog vai se lembrar que no último post falei que me decepcionei duas vezes nessa viagem. Uma foi na Laguna Colorada e a outra... na Laguna Verde. Acontece que as imagens, que eu havia visto destas lagoas, mostravam as cores (vermelha e verde, respectivamente) bem fortes e vivas. Infelizmente não foi o que vi na realidade. Não que elas não tenham aquelas cores, é óbvio, mas a natureza não me permitiu vê-las em sua plenitude.

Como tudo no deserto a vista da Laguna Verde é sensacional. Parece um quadro de tão bonita. O vento fraco que batia naquelas redondezas não permitiu que a cor verde ficasse tão viva como em algumas fotos que vi. Me decepcionei um pouco e acho que este é um excelente motivo para eu retornar ao deserto. 

Laguna Verde que não estava verde
Quinta parada: Almoço no meio das pedras e o retorno para a cidade de Uyuni

Após a Laguna Verde o roteiro era um só: retornar a cidade de Uyuni. Paramos somente uma vez e foi para almoçar. Como você pode imaginar fiz a viagem de volta quase inteira dormindo, pois a estrada, ainda que seja repleta de irregularidades, estava em condições favoráveis para uma bela soneca. 

Nossa parada para o almoço foi em uma vila no meio do nada. Lá encontramos várias outras pessoas que estavam conosco nas outras paradas, principalmente no salar de Uyuni do primeiro dia. Conversei bastante sobre futebol com alguns argentinos que estavam por lá. Nesse local as condições para o almoço eram ótimas. Havia mesa, sombra e banheiros limpos, mas infelizmente o local estava lotado. Tivemos então que improvisar e de certa forma foi até melhor.

Paramos no meio de algumas pedras bem bonitas e almoçamos por ali. No meio do deserto, distantes de tudo, eu, um casal espanhol e Jedi, o guia boliviano. Comemos uma comida simples, como de costume, e tiramos algumas belas fotos do local. Ganhamos de brinde uma nova parada em mais um lugar lindo.

O último almoço
Chegada à cidade de Uyuni e considerações finais

Almoçamos, voltamos a viajar e eu a dormir. Acordei em alguns momentos quando passamos em alguns vilarejos, mas depois só despertei faltando alguns minutos para chegarmos na cidade. Quando vi de longe o cemitério de trens percebi que a viagem havia se encerrado.

O passeio de 2 noites e 3 dias pelo deserto é fantástico. Os adjetivos ao longo dos meus textos se repetem, pois é bem difícil transmitir em palavras a beleza deste lugar. Talvez esse meu exagero seja por ter sido a minha primeira viagem internacional, o que não acredito. O lugar é impressionante e a viagem vale muito a pena. A principal dica que dou? Tire muitas fotos. De tudo. Aproveitar o lugar, absorver a energia das paisagens e pessoas, conversar, tudo isso também dou como boas dicas. Sai de Uyuni diferente do que entrei.

Quando chegamos na cidade caçamos logo um lugar com wi-fi. Mandamos mensagens aos amigos e familiares e depois passamos um bom tempo conversando sobre tudo, eu e o casal espanhol. Eles partiam dali para Cochabamba, onde a mulher estava hospedada durante a sua passagem pela Bolívia. Comemos uma bela carne em um lugar simples e nos despedimos. Chegou a hora de subir o morro.

Bienvenido a La Paz!

O "terminal rodoviário" da cidade de Uyuni é um caos. Acabei comprando uma passagem para Oruro e de lá tomei outro ônibus até La Paz, o que não foi nada complicado e saiu bem mais barato. 

Apenas um registro de Oruro
O ônibus que fui estava repleto de bolivianos completamente bêbados e a viagem foi tensa e ao mesmo tempo divertida. Tensa pois não sabia o que aqueles caras iriam aprontar, mas com o tempo se tornou divertida pois eles só estavam bêbados. Não fizeram nada demais. Eu estava muito cansado e dormi a viagem inteira, praticamente. Sempre tomando todos os cuidados com o celular, câmera digital e carteira. Ser roubado naquele momento seria trágico. 

Coloquei Oruro no mapa inicial, mas confesso que isso é bem injusto. Passei apenas alguns minutos naquela cidade, que serviu somente de ponte para La Paz. Chegando ao terminal rodoviário de Oruro, que estava fechado, vi várias pessoas esperando que ele abrisse e alguns ônibus que estavam partindo para La Paz. Fui no primeiro que vi, o frio era insuportável, comi um hambúrguer, o primeiro de muitos daqui pra frente, entrei no ônibus, tirei a foto que segue e dormi. Faltavam poucas horas para chegar em La Paz e eram mais ou menos 5 horas da madrugada.

Minha chegada em La Paz foi semelhante a de Potosí. Muito frio e um pouco perdido. Mas isso é papo para o próximo post. Até mais!

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