Até logo, Sucre! e a traiçoeira Potosí

No post anterior descrevi minha chegada até a Bolívia, com uma passagem relâmpago por Santa Cruz de la Sierra e o primeiro dia em Sucre. No texto a seguir vou falar um pouco dos meus últimos minutos em Sucre e dos momentos hardcore que passei em Potosí.


19/12/2014 - 4º dia


Até logo, Sucre!


Ruas de Sucre
Após uma boa noite de sono no Hostel Kulturberlin, era o momento de novamente juntar as malas e seguir o caminho da minha viagem. Como foi descrito no post anterior, no primeiro dia em Sucre andei bastante pela cidade e visitei vários pontos turísticos bem bonitos, mas faltava algo. No planejamento inicial da minha passagem por Sucre, ainda em Vitória, encontrei algumas fotos lindas da cidade vista de cima, mostrando a branquidão das construções juntamente com os belos telhados de cor avermelhada. Fiquei com aquilo na cabeça e não iria me satisfazer se não encontrasse tal lugar onde as fotos foram tiradas. O meu dia girou em torno deste objetivo.

Vista de Sucre em La Recoleta
Na minha cabeça esse lugar estaria no alto da cidade. Fui então novamente para La Recoleta, no alto do morro onde existe um monastério, uma bela praça e que pode ser alcançado tanto a pé, como de taxi ou carro. Nas minhas viagens gosto de caminhar, portanto escolhi a primeira opção. Já havia ido neste local no dia anterior, mas pensei que pudesse ter me enganado de algo, o que não aconteceu. Chegando em La Recoleta não vi nada que não tivesse visto no dia anterior, o que me decepcionou um pouco. A vista é linda, como você pode observar na foto, mas não me deu a sensação que tive ao ver as outras imagens. De qualquer forma, vale muito a pena visitar La Recoleta e aproveitar para ir ao Museu de Arte Indígena, que fica próximo a este local.

Desci novamente para o centro da cidade (Plaza 25 de Mayo) e procurei saber o nome do local que procurava indo nas inúmeras agências de turismo que existem nas redondezas. Cansei um pouco de procurar e fui novamente na Casa de La Libertad, mas desta vez para conhecer o museu. Este lugar possui um excelente acervo sobre as histórias da Bolívia e de Sucre, mas creio que a visita guiada seja muito mais proveitosa. Fui sozinho, li algumas coisas, tirei algumas fotos, mas confesso que o meu objetivo nessa viagem era de apreciar mais belezas naturais ou sentir os locais do que visitar museus e igrejas. Por sinal o entorno de Sucre é repleto de passeios pela natureza, mas infelizmente minha estadia na cidade foi de curta duração.

Ostentação!
Após a visita a Casa de La Libertad caminhei um pouco para o lado de Sucre onde ainda não tinha ido e a beleza naquela cidade me pareceu uma constante, sempre com prédios brancos, lindos, com praças verdes e floridas. Nesse momento eu já estava quase desistindo de encontrar aquele lugar. Voltei a Plaza 25 de Mayo e entrei em uma lanchonete próxima, com a temática totalmente voltada para os turistas. Me alimentei, sai da lanchonete e fui novamente em uma agência de turismo, bem próxima. Nisso eu já estava com o mochilão nas costas, a poucas horas de partir para Potosí. Ainda não havia comprado a passagem, pois era só chegar no terminal rodoviário e comprar, portanto deixei pra ver isso na última hora. Na agência veio o alivio. O local que eu queria ir era o Oratório de São Felipe Neri, a poucos minutos de onde eu estava. Certamente este foi o momento mais feliz da minha passagem por Sucre.

Sem perder tempo, fui logo em direção ao Oratório e descobri então o porquê de Sucre ser conhecida como "la Ciudad Blanca de las Américas". Este lugar fica bem no centro da cidade, mas a entrada é por apenas uma pequena porta e o horário de visitação é somente na parte da tarde. Cheguei, subi e apreciei bastante a vista, fazendo muitas fotos e alguns vídeos. Estava comigo um casal polonês e bati um papo com eles, sempre com dificuldade por conta do meu inglês. Eles tiraram algumas fotos minhas, tirei deles também e naquele momento minha passagem por Sucre se encerrou com chave de ouro. Mas, como diz o outro, não foi um adeus e sim um até logo. Sucre esta na minha lista de cidades que pretendo retornar um dia.

Oratório de São Felipe Neri

Até logo!

O início da aventura...


Quando perguntei sobre a altitude de Potosí me indicaram tomar chá de coca, Sorojchi Pills antes da viagem e de 8 em 8 horas e acima de tudo prudência. Não tomei o chá, comprei e tomei as pílulas e prudência... bom, vou contar essa história.

Após sair do Oratório, peguei um táxi e fui em direção ao terminal rodoviário. Lembrando que o preço do transporte na Bolívia é sempre muito barato, mas a qualidade não é das melhores. Nos relatos li que a maioria dos ônibus não tem banheiros, os motoristas muitas vezes viajam bêbados, os ônibus quebram no meio do caminho, enfim... uma confusão generalizada. Assim que cheguei ao terminal senti que o clima ali seria um pouco confuso mesmo, mas não tão maluco como li nos relatos. O ônibus que peguei realmente não tinha banheiro, mas a viagem foi bem tranquila, com uma paisagem de tirar o fôlego em alguns momentos.

Terminal Rodoviário de Potosí
O primeiro problema que senti foi o frio na chegada de Potosí. Estava ainda dentro do ônibus, vestindo uma regata (em Sucre o clima estava excelente) e aos poucos o tempo foi esfriando. Apelei então para minha blusa de frio e relaxei. A entrada de Potosí é bem feia. Chegando no terminal, arrumei as minhas balas e desci do ônibus. Assim que toquei os pés no chão já pude sentir que o buraco ali era mais embaixo. Desculpe a expressão, mas estava um frio filho da puta! Fui ao banheiro, coloquei mais duas camisas por baixo e consegui  melhorar um pouco a situação. Saindo do terminal procurei um táxi e pedi que ele me levasse a um hostel. Até ai tudo bem, conversei com o taxista, uma outra família também entrou no táxi, enfim, tudo corria bem, até porque o táxi estava todo fechado, quentinho. 

"Luxuoso" hotel
O taxista me deixou em uma rua com dois hotéis e um hostel. Paguei, desci e fui no primeiro. Tudo perfeito, mas não tinha wi-fi. Fui no segundo a mesma coisa. No terceiro a situação se repetiu. Após Potosí o meu destino era o deserto de Uyuni, onde não tem internet e nem mesmo sinal de celular. Por conta disso eu queria passar as duas últimas noites (o planejamento era ficar duas noites em Potosí, mas fiquei somente uma) em um hostel com wi-fi, portanto sai andando pela cidade em busca disso. Subidas, descidas, muita gente na rua, frio, cidade um pouco escura e aos poucos fui ficando tonto. Não dei muita atenção a isso, pensei que era apenas uma tonteira passageira e continuei na busca pelo hostel com wi-fi. Continuei procurando, a tonteira foi aumentando, o estômago começou a embrulhar, a cabeça começou a doer e em um momento tive que escorar na parede pois, no popular, a coisa tava ficando feia. Mas mesmo assim continuei na minha busca, até porque não podia ficar na rua, né. Encontrei uma agência de turismos e pedi, em forma de socorro até, uma direção. Eles me indicaram um hotel próximo, sem wi-fi, e fui nele mesmo. Nesse momento eu já estava prestes a vomitar, com a cabeça zonza e querendo somente que aquela agonia passasse. Com bastante dificuldade cheguei no tal hotel, horroroso! A dificuldade não foi somente pelos problemas físicos, mas também pela localização do hotel. Por alguns instantes eu até pensei que fosse um golpe, mas não tive outra escolha a não ser confiar. A primeira coisa que fiz foi deitar na cama e descansar. Acontece que eu subestimei a altitude de 4 mil metro de Potosí. Passei então a pior noite da minha viagem, em um quarto de hotel sem luxo algum. Mas sobrevivi!

Sorojchi Pills - Não adiantou nada!

Ah... Quando parei na agência de turismos aproveitei e comprei um tour para as Minas de Potosí, que ia sair no outro dia na parte da manhã. Mas isso é papo para o próximo post. Até mais!

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